Essa oração é uma reinterpretação contemporânea do tradicional “Pai Nosso”, adaptada para expressar uma conexão mais íntima e pessoal com o divino em suas várias manifestações na vida cotidiana. Depois do texto original, compartilho uma reflexão a cerca de cada parte para entendermos o seu significado mais profundo.
A Oração do Poema Divino
Pai nosso, que estás nas flores, no canto dos pássaros, no coração a pulsar;
que estás na compaixão, na caridade, na paciência e no gesto de perdão.
Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo, naquele que me fere, naquele que busca a verdade.
Santificado seja o Teu nome por tudo o que é belo, bom, justo e gracioso.
Venha a nós o Teu reino de paz e justiça, fé e caridade, luz e amor.
Seja feita a Tua vontade, ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho do que as minhas reais necessidades
Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas.
Perdoa quando se torna frio meu coração.
Perdoa-me, assim como eu possa perdoar àqueles que me ofenderem, mesmo quando meu coração esteja ferido.
Não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoísmo.
E livra-me de todo o mal, de toda violência, de todo infortúnio, de toda enfermidade.
Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.
Mas, ainda assim, quando tais dificuldades se fizerem necessárias, que eu tenha força e coragem de dizer:
Obrigada, Pai, por mais esta lição!
Que assim seja!
Amém
Reflexão sobre a Oração do Poema Divino
“Pai nosso, que estás nas flores, no canto dos pássaros, no coração a pulsar;”
Essa linha é um convite para reconhecer a presença divina nas coisas mais simples e belas da vida. Quando se fala das “flores” e do “canto dos pássaros“, está se referindo à beleza natural do mundo, que muitas vezes passa despercebida no nosso dia a dia corrido. Já o “coração a pulsar” é uma metáfora poderosa que nos lembra da maravilha que é estar vivo, cada batida do coração é como uma pequena lembrança de que estamos aqui por algum motivo maior.
“que estás na compaixão, na caridade, na paciência e no gesto de perdão.”
Aqui, a oração se aprofunda nas qualidades humanas que refletem a presença do divino. “Compaixão” é a habilidade de se colocar no lugar do outro e sentir o que o outro sente, um atributo profundamente associado à bondade divina. “Caridade” vai além de dar esmolas; é qualquer ato de generosidade e ajuda ao próximo. “Paciência” é aquela virtude de manter a calma e a serenidade mesmo quando as coisas não acontecem como desejamos. E o “gesto de perdão” é talvez o mais divino de todos, porque perdoar alguém pode ser um dos atos mais difíceis e, ao mesmo tempo, mais libertadores que podemos fazer. É o amor em ação, a prática de deixar ir mágoas para liberar a si mesmo e aos outros.
Essa parte da oração está dizendo que Deus não está apenas em algum lugar distante ou em rituais e construções espetaculares; Ele está nas manifestações diárias de beleza, bondade e amor que nos cercam e que praticamos. Reconhece-se que a divindade permeia todos os aspectos da criação, e a conexão com o sagrado pode ser encontrada em cada gesto de bondade e em cada momento de apreciação pela vida.
“Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo, naquele que me fere, naquele que busca a verdade.”
Esta parte da oração é um reconhecimento da presença universal do divino em todas as pessoas, independentemente do papel que desempenham em nossas vidas.
Começa com “que estás em mim“, o que é um lembrete íntimo de que o sagrado habita dentro de cada um de nós. Isso fala da ideia de que somos todos criações divinas e portamos uma centelha dessa essência sagrada, independentemente de quem somos ou do que fazemos.
Em seguida, “que estás naquele que eu amo“, ressalta que essa mesma essência está presente nos que estão próximos ao nosso coração — família, amigos, parceiros. É fácil ver o divino nas pessoas que amamos, pois o amor em si é visto como uma manifestação da divindade.
A frase “naquele que me fere” é particularmente poderosa. Sugerir que Deus ou o divino está também naqueles que nos causam dor é um chamado ao perdão e à compreensão de que todos são falíveis e humanos. Em vez de reagir com raiva ou ressentimento, essa linha nos convida a buscar uma visão mais elevada e a encontrar a presença de Deus até mesmo nas interações mais difíceis.
E termina com “naquele que busca a verdade“, que celebra a jornada daqueles que procuram entender mais profundamente a si mesmos, o mundo e a natureza da realidade. Buscar a verdade é um ato de fé e de compromisso com o crescimento e a evolução, e é nesse ato que se encontra a presença divina.
Então, esta parte da oração nos ensina sobre a omnipresença divina e sobre como podemos tentar ver a presença de Deus em todos, o que nos ajuda a cultivar empatia, paciência, compreensão e amor incondicional.
“Santificado seja o Teu nome por tudo o que é belo, bom, justo e gracioso.”
Essa frase é uma expressão de reverência e admiração. Quando se fala em santificar o nome, está-se elevando e respeitando a essência divina, reconhecendo a santidade presente em tudo que é positivo e puro no mundo. A beleza, a bondade, a justiça e a graça são qualidades que muitas vezes associamos ao divino, ao que é maior e mais elevado do que a nossa existência cotidiana. Estamos basicamente dizendo que essas manifestações maravilhosas da vida são reflexos da natureza de Deus e, por isso, são sagradas.
“Venha a nós o Teu reino de paz e justiça, fé e caridade, luz e amor.”
Aqui, o pedido se torna ainda mais direto e profundo. Pedir que o “reino” de Deus venha até nós é desejar que os princípios e qualidades que associamos ao divino se manifestem em nossa realidade. Deseja-se um mundo onde a paz e a justiça não sejam apenas ideais, mas sim a base de toda a sociedade. A fé mencionada aqui não é apenas religiosa, mas também a crença na humanidade e em um futuro melhor. A caridade é o amor em ação, a preocupação genuína com o bem-estar dos outros. A luz é frequentemente vista como conhecimento, verdade e clareza, enquanto o amor é a força que une tudo e todos. Portanto, essa parte da oração é um clamor para que essas qualidades divinas permeiem a vida de todos, criando um mundo mais alinhado com os valores espirituais elevados.
“Seja feita a Tua vontade, ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho do que as minhas reais necessidades.”
Essa frase é um ato de humildade e entrega. É o reconhecimento de que, muitas vezes, nossos desejos e pedidos podem ser mais um reflexo do nosso ego do que uma verdadeira necessidade da nossa alma ou do nosso ser.
Além disso, quando dizemos “Seja feita a Tua vontade“, estamos expressando a disposição de aceitar o que a vida, ou o plano maior, tem para nós, mesmo que isso não corresponda aos nossos planos ou desejos pessoais. Estamos admitindo a existência de uma sabedoria superior e a aceitação de que talvez o que pedimos não seja o melhor para nós no grande esquema das coisas.
Ao mencionar “ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho do que as minhas reais necessidades“, estamos fazendo uma auto-reflexão sobre as motivações por trás dos nossos pedidos. É um momento de introspecção, onde reconhecemos que o orgulho pode, às vezes, nos cegar para o que realmente precisamos para crescer e evoluir. Com essa afirmação, mostramos a consciência de que nossos desejos podem ser superficiais e que estamos abertos a ser guiados a algo mais profundo e significativo.
Essencialmente, é uma entrega confiante de que, mesmo que não compreendamos completamente o curso dos acontecimentos, existe uma ordem maior que visa o nosso bem e o bem universal. E nessa entrega, há uma bela oportunidade de alinhar nossas vontades individuais com um propósito mais elevado e altruísta.
Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas.”
Aqui temos um pedido de compreensão e misericórdia. Estamos reconhecendo que, como seres humanos, somos falíveis e cometemos erros. Pedir perdão é admitir essas falhas e expressar o desejo sincero de não mais repeti-las, buscando uma transformação pessoal a partir de nossas ações passadas.
“Perdoa quando se torna frio meu coração.”
Nesta parte, estamos pedindo compaixão para os momentos em que nossos sentimentos não refletem o que há de melhor em nós, quando a indiferença, o ressentimento ou a amargura tomam conta do nosso coração. É um reconhecimento de que, às vezes, falhamos em manter uma postura amorosa e aberta para com os outros e para com a vida.
“Perdoa-me, assim como eu possa perdoar àqueles que me ofenderem, mesmo quando meu coração esteja ferido.”
Aqui, a oração se aprofunda na ideia de reciprocidade no perdão. Estamos pedindo não apenas para sermos perdoados, mas também pela capacidade de perdoar os outros. Isso é fundamental, pois o ato de perdoar é tanto sobre libertar o outro quanto sobre nos libertar das correntes do rancor e da mágoa. Mesmo nos momentos em que estamos machucados e seria mais fácil ceder ao sentimento de vingança ou à dor, escolhemos o caminho do perdão como uma prática de cura emocional e espiritual.
Este pedido é uma expressão de vulnerabilidade e força ao mesmo tempo. Reconhece a fragilidade humana e a necessidade de exercer e receber compaixão. Ao mesmo tempo, mostra a força interna necessária para superar o orgulho e a dor, abrindo espaço para o crescimento pessoal através do perdão.
“Não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoísmo.”
Nessa parte, você está pedindo força e orientação para evitar as armadilhas que podem desviar você do seu caminho. Você reconhece que erros, vícios e egoísmo são tentações que podem levar a ações prejudiciais a si mesmo e aos outros. E está buscando apoio para manter-se firme frente a esses desafios, para não sucumbir às fraquezas humanas.
“E livra-me de todo o mal, de toda violência, de todo infortúnio, de toda enfermidade.”
Aqui, o pedido se amplia para a proteção contra as adversidades da vida. Mal, violência, infortúnio e enfermidade são males que nos afligem e, muitas vezes, estão além do nosso controle. Pedir para ser livre dessas aflições é desejar um caminho de vida mais pacífico e saudável.
“Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.”
Você faz um apelo compreensível, tentando se afastar dos sentimentos negativos e das experiências que levam ao sofrimento emocional. Dor, mágoa e desilusão são, de fato, aspectos difíceis da experiência humana, capazes de causar um sofrimento psicológico e espiritual intenso. Ao pedir para ser livre desses sentimentos, você está buscando a paz interior e a resiliência necessárias para encarar as adversidades da vida.
Esse desejo de se livrar dos aspectos negativos da existência mostra uma aspiração por uma vida mais equilibrada e serena, onde se pode manter e nutrir o bem-estar físico, mental e espiritual. É um anseio por tranquilidade que muitos compartilham, especialmente em um mundo que às vezes parece girar mais rápido do que conseguimos acompanhar.
“Mas, ainda assim, quando tais dificuldades se fizerem necessárias, que eu tenha força e coragem de dizer: Obrigada, Pai, por mais esta lição!”
Demonstrar maturidade emocional e espiritual significa reconhecer a importância do sofrimento e das adversidades no crescimento pessoal. Você deseja evitar a dor, claro, mas também compreende que esses momentos difíceis podem ser cruciais para o seu desenvolvimento.
Portanto, ao fazer esse pedido, você não só aceita as dificuldades como parte essencial da vida, mas também procura ativamente a sabedoria e a força para transformá-las em oportunidades de aprendizado. Entende que, frequentemente, os desafios mais árduos nos ensinam as lições mais significativas.
Além disso, expressar gratidão pelas lições aprendidas é uma maneira eficaz de converter a dor em poder e a adversidade em conhecimento. Você percebe que superar obstáculos é uma oportunidade para aumentar a resiliência e a fé, bem como para fomentar a compaixão e a empatia pelo próximo. Ao agradecer, você opta por uma perspectiva de vida que prioriza o crescimento pessoal, em vez de uma satisfação imediata. Essa escolha reflete uma atitude de aceitação e o desejo de encontrar um propósito mais profundo em todas as vivências.